Foto de Elis Verri
Elis Verri
Mau cheiro, lixo e poluição: o Ribeirão Caulim, em Parelheiros, tenta sobreviver em um cenário de preservação ambiental que contrasta com o crescimento urbano desordenado e, por vezes, irregular. A garantia da qualidade da água do reservatório do Guarapiranga, tão próximo dali, também depende do Caulim, mas a sub-bacia precisa de ajuda para continuar sobrevivendo.
“Não se tem mais água como antes”, diz o técnico em meio
ambiente e morador da região, José Donizete ao lembrar que o nível da água era
bem maior em outras décadas, servindo até de lazer para os vizinhos. Como
atuante na área ambiental, ele explica que a poluição vem de outros cursos d’água
que desembocam no Caulim, e que isso prejudica a vida aquática, contaminando
também o reservatório.
“Tem que preservar para manter a qualidade ambiental e do
abastecimento. A vida no rio é um termômetro que indica que a região está
saudável”, explica. Ainda não há um estudo efetivo para comprovar a qualidade
da água, mas visivelmente, as espumas e a aparência do ribeirão já denunciam a
saúde do Caulim. A partir de novembro, a ONG SOS Mata Atlântica iniciará
trabalhos para mapear as nascentes da zona Sul.
Esgoto direto
O historiador e pesquisador do Movimento Garça Vermelha,
que atua na defesa dos cursos d’água, Eduardo Melander Filho, explica que a
espuma do Caulim provém de “material químico clandestino”, vindo de empresas
sem o devido tratamento de esgoto, poluindo também o Guarapiranga.
Porém, para Melander, a principal causa de poluição na
região são os esgotos domésticos. “O principal caráter de poluição do
Guarapiranga é de origem orgânica, e a grande responsável é a Sabesp (Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) por não dar conta de fornecer o
tratamento adequado de esgoto na periferia”, acusa o pesquisador. Ele, porém,
admite que o loteamento clandestino cause essa desordem, que encarece mais o
tratamento na represa.
“O Guarapiranga possui um tratamento eficaz de limpeza,
mas as substâncias químicas ficam em demasia na água, além de a poluição
prejudicar toda a fauna do local”, diz.
É regular
A empresa Solventex Indústria Química, localizada próxima
ao Guarapiranga e também ao Caulim, em 2009 foi alvo de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) da Câmara de São Paulo. A comissão apurava eventuais
danos ambientais na região.
A Solventex também firmou um TAC (Termo de Ajustamento de
Conduta) com o Ministério Público do Trabalho em 2004. Por conta do grande
risco de contaminação, a empresa também é questionada por ambientalistas quanto
à contribuição para a poluição na região.
A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), por
outro lado, reitera que, apesar de possuir alto potencial poluidor, a Solventex
opera de modo regular e que as águas do reservatório não são impactadas por
suas atividades.
Palavra da Sabesp
Conforme a CETESB confirmou, “na bacia hidrográfica há
varias ocupações/invasões irregulares que lançam seus esgotos ‘in natura’ nos
corpo de água”.
A Sabesp informou que, por meio do Projeto Tietê, está
ampliando o sistema de coleta e afastamento de esgoto da bacia do Ribeirão
Caulim. As obras que, atualmente, estão no bairro Jardim Almeida, contemplam a
implantação de redes coletoras de esgoto, coletores tronco e a construção de
uma estação elevatória. A conclusão prevista é para julho de 2015. A
companhia também garante que atende as normas do Ministério da Saúde quanto ao
tratamento da água fornecida á população
REFERÊNCIA
VERRI, Elis. Caulim pede socorro: Ribeirão em Parelheiros
está poluído e compromete também o sistema Guarapiranga. Jornal do Trem e Folha
do Ônibus, São Paulo, 31 de outubro de 2014. Política, Sul, pg. 1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário