Vitória Significativa do MOGAVE: Negociações com a subprefeitura avançam

As equipes de negociação cara a cara. Da esq. p/dir. - Pela subprefeitura: Débora; Aldo Foltz; Carlos Habe e Valdir Ferreira. Pelo MOGAVE (Membros do Comitê Executivo): Martin; Gentil; Melander e Dino.

Eduardo Melander Filho

O Movimento Garça Vermelha retomou as negociações com a subprefeitura da Capela do Socorro no dia 04/03/2010. Participaram dessa rodada: Débora, arquiteta coordenadora do projeto; Aldo Foltz, engenheiro da prefeitura; Carlos Habe, arquiteto chefe; Emer, chefe de gabinete do subprefeito e Valdir Ferreira, subprefeito da Capela do Socorro, todos como autoridades representando a subprefeitura. Pelo Movimento Garça Vermelha: Cássio; Dino; Gentil; Martin e Melander.
Após as apresentações formais, pedimos que ambas as partes abrissem mão de discursos preliminares explicando as reivindicações e os pontos de vista particulares, pois essas discussões já haviam sido feitas em reuniões anteriores e todos já sabiam da posição de cada uma das partes. Afirmamos que viemos naquela reunião a fim de estabelecer negociações sérias e que a nossa pauta de reivindicações era a constante do nosso Segundo Manifesto do Movimento Garça Vermelha. Perguntamos, então, o que seria “negociável” por parte da subprefeitura, lembrando ao Sr. Valdir Ferreira que em conversas anteriores havíamos sentido por parte dele disposição em discutir as questões da “rua” e do “Portão 3” do Jd. Sertãozinho.

O subprefeito Valdir Ferreira dizendo que "NÃO SOU CANDIDATO" durante reunião que manteve com a Comitiva de Visitação do MOGAVE no gabinete do vereador Ítalo Cardoso

Valdir Ferreira iniciou sua explanação dizendo que, devido às nossas reivindicações, eles tiveram de refazer o projeto inicial várias vezes. Quanto à rua e ao Portão 3, declarou que eles foram suprimidos do projeto e que, portanto, não mais seriam construídos. Haverá apenas dois portões: o do Jd. Barcelona (do lado do Castelo) e ao lado da UBA. Alguns portões de serviço também serão instalados, mas o público não terá acesso ao parque por eles. No caso da rua, reconheceu que sua construção significaria de fato dar vazão ao trânsito constantemente congestionado da Av. Frederico René Jaegher, coisa que ele é contra, segundo sua afirmação. Posicionou-se também contra a construção de uma “via perimetral” ao redor da represa do Guarapiranga (existe um projeto nesse sentido), contra a ligação do M’Boi Mirim ao Parque Parelheiros (que só seria possível com a construção de uma ponte sobre a represa) e contra a criação de uma alça rodoviária ligando a Teotônio Villela ao Rodoanel (com a conseqüente ocupação ilegal de áreas de preservação). Respondemos que, a priori, somos contra tudo isso também.

Calçada e ciclovia junto ao Parque Barragem. Esse é o modelo do que será implantado no Parque Nove de Julho, segundo a arquiteta Débora

Quanto à ciclovia, disse o Sr. Valdir que o projeto de sua construção ainda está em andamento. Quando estiver pronto será pedido o licenciamento ambiental e depois disso emitida uma ordem de serviço de execução das obras. Segundo o convênio firmado com o Banco Mundial, a liberação de verbas depende de todo esse trâmite. Todo esse processo e mais a licitação das obras devem durar de 60 a 90 dias. A ciclovia de 2,5 m e a calçada externa de 2 m deverão estar concluídas em 6 ou 9 meses. Esclareceram que o parque propriamente dito (parte interna do gradil) já tem licença ambiental, mas isso o MOGAVE está verificando e é um dos motivos de um pedido que fizemos de intervenção judicial junto ao Ministério Público.
Nesse momento, perguntamos se poderíamos considerar como definitivo que não haverá rua de qualquer espécie junto ao gradil do Parque Nove de Julho e que não haverá portão de entrada junto ao Jd. Sertãozinho. Todas as autoridades presentes representando a subprefeitura confirmaram como definitivo. No entanto, devemos continuar vigilantes porque como diz o mote: Orai e Vigiai.
Indagados sobre quem recairia a responsabilidade pela execução das obras e acima da construtora executante, o Sr. Carlos Habe nos disse que a responsabilidade era dele. Explicou que no aterro suporte do gradil deve ir uma certa quantidade de pedras para que haja drenagem adequada e suficiente. Perguntamos se entulhos e lixo também, no que respondeu o Sr. Valdir Ferreira que parte do entulho já estava no local e o resto foi jogado durante a noite por terceiros. Respondemos que não e que, além de provas fotográficas, alguns de nós tínhamos testemunhado caminhões a serviço da construtora jogar os entulhos. O subprefeito Valdir nos garantiu que, se isso realmente ocorreu, a empresa construtora deverá desfazer a obra para tirar os entulhos e refaze-la.

Trator construindo uma "rua" para passagem de automóveis em direção ao "aeroporto", bem na beira da represa do Guarapiranga

Em relação à UBA – União Brasileira de Aeromodelismo – que mantém um “aeroporto” dentro do Parque Nove de Julho, perguntamos se a subprefeitura estava sabendo que o trator da construtora estava jogando entulhos dentro do parque, construindo uma “rua” para passagem de carros até as margens da represa e que já produzimos um vídeo denunciando isso, postado no youtube (vide do lado direito do blog), registrando a circulação de veículo automotor. Valdir Ferreira respondeu que não será permitida a circulação de nenhum veículo poluente dentro do parque e que já entrou em contato com a UBA para que providencie um carrinho elétrico para transportar seus equipamentos de sua sede até o “aeroporto” de aeromodelismo. Alertamos também que na eventualidade de conclusão das obras do Parque Nove de Julho, grande quantidade de pessoas circularão justamente em torno do “aeroporto” e que, em função disso, potencialmente, haverá grandes chances de ocorrer acidentes graves. Os representantes da subprefeitura responderam que estávamos apresentando uma questão nova, que eles não conheciam, mas iriam estudar o assunto.
Sobre a segurança, mais uma vez responderam que todos os parques irão ter segurança.
Encerramos então as negociações desse dia, reafirmando que ainda havia muitos pontos em aberto a serem negociados e que em breve retomaríamos as conversações, logo após as discussões que levaríamos internamente no MOGAVE. Enquanto isso, membros do movimento manterão contato com a Débora, coordenadora do projeto, para discutir questões pontuais, como a preservação de árvores raras e até a criação de jardins nos espaços que inicialmente foram reservados para a construção da rua que não mais existirá.
Adiantamos, porém, que iríamos alcançar um consenso entre os participantes do MOGAVE sobre a existência da ciclovia, para depois nos pronunciarmos a respeito.
Aventamos a possibilidade de propormos, na hipótese de construção da ciclovia, que ela (e a calçada) tenha seus acessos pela Av. Frederico René Jaegher e Jd. Barcelona fechados durante a noite, através de portões a serem construídos para esse fim. Isso tornaria a ciclovia num circuito fechado e interno durante a noite, visto que seu acesso se daria apenas pelas ruas adjacentes nesse período.
Fica evidente que o MOGAVE conquistou significativa vitória. A realização de sucessivas reuniões entre os moradores, a consolidação da organização interna do movimento, a abnegação daqueles que dispuseram de seu tempo a serviço da comunidade, a coesão em torno dos princípios do MOGAVE, a existência de uma pauta clara de reivindicações, a distribuição massiva de uma primeira convocatória que atingiu todo o entorno do Parque Nove de Julho tornando com isso conhecido o Movimento Garça Vermelha, a coleta de 741 assinaturas no abaixo assinado e o esforço coletivo que isso envolveu, as constantes “visitas” à subprefeitura por Comissões que exigiam a negociação, a criação de Comitivas de Visitação que percorreram a Câmara Municipal, as iniciativas também individuais de protocolar reclamações em instituições oficiais ligadas ao meio ambiente, a entrada de representação junto ao Ministério Publico por parte do MOGAVE e outros moradores, os contatos eletrônicos individuais e independentes do movimento com autoridades (principalmente o Eduardo Jorge), as denúncias que fizemos na internet através de vídeos, a criação de um blog de circulação nacional, a visita que fizemos como convidados ao Rotary Club da Cidade Dutra e, acima de tudo, a firmeza “ideológica” (no bom sentido) em não aceitar a derrota como opção plausível, tudo isso, são as causas da nossa vitória.
Retomaremos em breve as negociações, logo após discutirmos os encaminhamentos futuros, agora revigorados pelos resultados obtidos e pela sensação do dever cumprido.
Isso por enquanto, pois temos muita luta pela frente.

Nenhum comentário: