Imprensa Publica Mais Notícias Sobre o Parque Nove de Julho

Parque Nove de Julho: Preservação não é a prioridade da prefeitura


COMENTÁRIOS DE MISSIVISTAS DA FOLHA DE SÃO PAULO

A Folha de São Paulo publicou em 25/04/2010, primeiro caderno, página A8, em “Semana do Leitor”, juntamente com uma fotografia intitulada “Morador de Cidade Dutra caminha na calçada de concreto construída na represa de Guarapiranga”, três comentários de moradores do entorno do Parque Nove de Julho sobre os artigos “Prefeitura põe concreto dentro da Guarapiranga” de Ricardo Gallo e “O que era para ser exceção virou regra” de Maria Luisa Ribeiro, publicados em 22/04/2010, caderno cotidiano, página C4, que foram resumidos no artigo postado nesse blog de título: “Ações do MOGAVE Finalmente em Evidência na Grande Imprensa”.
Abaixo, os comentários dos missivistas da Folha:

Guarapiranga

“A reportagem ‘Prefeitura põe concreto dentro da Guarapiranga’ (22/4) mostra apenas a ponta do iceberg. Para construir a cerca em torno do parque Nove de Julho, jogaram saibro impermeável misturado a entulhos de demolições, aterraram nascentes e não deixaram passagem para os animais circularem entre a área alagável e a de preservação permanente. Depois plantaram grama para esconder tudo isso. Pretendiam até mesmo construir uma estrada junto à cerca.
A subprefeitura só veio avisar o pessoal do entorno depois que as obras estavam praticamente prontas. Daí os moradores fizeram um abaixo-assinado, tentaram conversar e nada. Organizaram o Movimento Garça Vermelha (Guarapiranga, em tupi) e, esgotadas as possibilidades, recorreram ao MP.
Se a notícia de que estão construindo um parque que ficará debaixo d’água em parte do ano chegar ao exterior, será mais uma piada internacional a reforçar a pecha de que não somos um país sério – e por culpa de nossos governantes.”

Eduardo Melander Filho (São Paulo, SP)

“Como moradora, sou testemunha de que foram despejados dezenas de caminhões com saibro e entulho para aterrar e construir essa calçada. Também vi a subprefeitura, depois de denúncias de moradores, colocar placas de grama em volta para esconder o que foi despejado. Não entendo como, a pretexto de ‘proteger’ área de manancial, derrubam árvores, impermeabilizam o solo, fazem um muro que impede que a água da chuva vá para a represa, aterram nascentes... Espero que o senhor promotor consiga parar com tamanha insensatez da prefeitura.”

Inês Arias Martin (São Paulo, SP)

“Quer dizer que a prefeitura, para evitar invasões, está invadindo e construindo em área de manancial? Não seria mais lógico investir esse dinheiro em fiscalização e preservação?
Já entendi. O que a prefeitura está construindo dá para inaugurar e para mostrar na TV e em campanhas políticas.”

Ana Maria De La Iglesia (São Paulo-SP)


JORNAL METRONEWS

Em sua edição de 23/04/2010, página 4, o Jornal Metronews publicou a reportagem “Promotor quer brecar parque na Guarapiranga”, pois foi construída uma pista de caminhada de concreto na área inundável. Diz que o promotor Lutti, após denúncias dos moradores do entorno, prepara uma Ação Civil Pública para tentar embargar as obras, o que incluí também a cerca, pois não pode haver edificações em locais caracterizados como APP (Área de Preservação Permanente).
Publicaram também uma fotografia intitulada: “Obra na represa Guarapiranga é considerada ilegal pela MP”, mostrando uma pista de caminhada. Só que, infelizmente, a foto é do Parque Castelo e a pista é de madeira e sobre as águas (bem acima da área inundável), descaracterizando aquilo que deveria ser ilustrado.
Em destaque, a frase do promotor José Eduardo Lutti: “As obras estão dentro da água, dentro do corpo da represa”.


FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Guarapiranga. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 abr 2010. Primeiro Caderno, Semana do Leitor, pg. A8.

MARTIN, Inês Arias. Guarapiranga. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 abr 2010. Primeiro Caderno, Semana do Leitor, pg. A8.

DE LA IGLESIA, Ana Maria. Guarapiranga. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 abr 2010. Primeiro Caderno, Semana do Leitor, pg. A8.

PROMOTOR quer brecar parque na Guarapiranga. Metronews, São Paulo, 23 abr 2010. Pg. 4.

Destruição da Ecologia do Parque Nove de Julho: Calçadão isola peixes que morrerão

Um calçadão separando área alagada do restante da represa do Guarapiranga: peixes morrerão

Ivone Taiariol

O processo de degradação decorrente dessa intervenção fatídica do poder público é acelerado.

Hoje à tarde, numa visita ao local, pudemos VER, com os próprios olhos, os peixinhos morrerem nos ÁQUARIOS formados pelos muros de concreto das passarelas dentro da represa. As águas baixam um pouco, os peixinhos ficam represados e morrem por não poderem nadar na lama.

Pudemos VER COM OS PRÓPRIOS OLHOS, as pobres aves pernaltas, desnorteadas, acocoradas sobre as passarelas de concreto, construídas sobre seu habitat natural, as matas ciliares, onde antes elas mantinham seus ninhos; pudemos CONSTATAR que as flores de plantas aquáticas tentam FORÇAR CAMINHO por entre as pedras e saibro, ao lado das passarelas e que já não nascem com o mesmo viço que tem suas companheiras livres dentro da água.

Pudemos VER o lixo levado pelas pessoas para as passarelas e dois cães defecando no concreto que avança para dentro das águas da represa.

Pudemos VER COM OS PRÓPRIOS OLHOS a obra da prefeitura CONDUZINDO um córrego de esgoto puro para dentro das águas da represa. O cheiro é insuportável. e este, as fotos não conseguem traduzir.

Tudo ao lado das passarelas de concreto lançado sobre aterros grosseiros construídos em saibro e pedras, misturado com entulho. TUDO VISIVEL a quem quiser VER.
Esses aterros realizados dentro das águas estão escancaradamente assoreando a represa.

HOJE à tarde, CONCRETARAM os suportes de um portão que foi instalado nas imediações do Jardim Sertãozinho.

DO LADO DE DENTRO da cerca, em direção à Vila da Represa, três homens agachados em atitude suspeita exigiam precauções de quem quisesse sair das passarelas em SEGURANÇA.

A ninguém é dado promover tal devastação do meio-ambiente e muito menos ao Estado.
Nossa Represa, um BEM COMUM, está posta em altíssimo risco pelo Poder Público.


NOTA:

Quando as águas da represa do Guarapiranga sobem, os peixes, principalmente os filhotes, passam ao lado alagado que se localiza entre o calçadão e o gradil que cerca o Parque Nove de Julho. Quando as águas descem eles ficam isolados, não podendo voltar, morrendo consequentemente.
O MOGAVE publicou dois vídeos no youtube comprovando essa situação fatídica. Para acessá-los, procurar na coluna da direita desse blog o título “Vídeos de nosso interesse” e clicar nos subtítulos: “Desastre ambiental: Peixes isolados por obras da prefeitura morrerão” e
“Crime ambiental: peixes irão morrer por projeto mal feito pela prefeitura”.

Uma Visita Muito Ilustre

Da esq. p/a direita: Marco; Miguel (Presidente do PSOL no Estado de São Paulo); Sra. Babi (viuva do falecido Sr. Carlos do MOGAVE); Sra. Regina; Sra. Teresinha; Sebastião; Gentil; Dino; Deputado Federal Ivan Valente; Sra. Gertrud; Júnior; Sra. Nanci; Melander; Sra. Enorá e Sra. Ivone.

O Deputado Federal Ivan Valente esteve nos visitando no dia 26/04/2010.
Na ocasião, o MOGAVE organizou um “tour” com o deputado no Parque Nove de Julho, onde pode constatar pessoalmente os desmandos das obras comandadas pela subprefeitura da Capela do Socorro.
Logo após, realizou-se uma reunião dos membros do movimento com o deputado Ivan, seu assessor Marcelo Aguirre e Miguel Carvalho, presidente do PSOL do Estado de São Paulo.
Reproduzimos abaixo o artigo que foi publicado no site do próprio Ivan, que é um resumo dessa importante reunião.

Ivan Valente pedirá audiência com Prefeitura de SP sobre obras em Guarapiranga

O deputado Ivan Valente esteve nesta segunda-feira (26/04) na represa de Guarapiranga, na zona Sul de São Paulo onde, ao lado de integrantes do Movimento Garça Vermelha (Mogave), presenciou a mais recente agressão da gestão Kassab ao meio ambiente na cidade de São Paulo: a construção de calçadas de concreto no Parque Nove de Julho, que deve ser inaugurado em quatro meses dentro da represa.

O calçadão de concreto no Parque Nove de Julho

A justificativa da Prefeitura de São Paulo para as obras, que incluem a instalação de uma cerca ao redor do Parque, é prevenir a Guarapiranga de ocupações irregulares.

Empreiteira a serviço da subprefeitura revirando os entulhos

A opção adotada, no entanto, viola princípios elementares de preservação do meio ambiente e, segundo o Ministério Público Estadual, desrespeita diversos pontos da lei.A pista de concreto para caminhadas, por exemplo, foi construída em áreas inundáveis da represa, o que é proibido. Em épocas de cheia, peixes podem atravessar para o outro lado e, depois da baixa da água, morrerem ilhados. O Parque também ocupa uma Área de Preservação Permanente (APP), que não poderia sofrer este tipo de intervenção. De acordo com o MP, as construções são proibidas por lei tanto nas áreas inundáveis como nas APPs, que vão de 50 a 100 m da margem máxima que a represa pode atingir. Ou seja, dentro da própria represa nenhuma obra seria autorizada.
“A Prefeitura tem a desfaçatez de dizer que uma calçada não é uma edificação – porque não tem cobertura – e que, portanto, estaria liberada. Isso é um crime. A obra é grosseira, numa área de várzea da represa, que provoca inclusive assoreamento. O Código Florestal proíbe este tipo de obra e determina que qualquer intervenção em APPs sejam previamente autorizadas por órgãos ambientais. Uma área de matas ciliares também foi destruída”, afirmou Ivan Valente, que é autor de um lei estadual que obriga a reconstituição das matas ciliares em regiões de preservação ambiental.

Da esq. p/a direita: Melander; Ivan Valente e Dino

Licenciamento ilegal

Uma das possibilidades de reposta do Ministério Público à iniciativa da gestão Kassab em Guarapiranga é embargar a obra, porque ela estaria baseada em um licenciamento ambiental ilegal. O MP pode entrar como uma ação na Justiça contra a Prefeitura e até mesmo contra o funcionário que emitiu a licença ambiental, por improbidade administrativa.
A ação do Ministério Público foi motivada por duas representações contra as obras no Parque Nove de Julho, em delas encaminhada pelo Movimento Garça Vermelha (Guarapiranga em tupi). A representação gerou o Inquérito Civil de número 90/10, que está sob a responsabilidade da Segunda Promotoria do Meio Ambiente do MP, conduzido pelo promotor Darci Ribeiro.
Durante reunião realizada com o Movimento, Ivan Valente se comprometeu a acompanhar o inquérito do Ministério Público. O deputado do PSOL/SP também vai solicitar uma audiência com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo. Segundo o Movimento moradores de Guarapiranga, a gestão Kassab tem sido “truculenta” na relação com os moradores, que afirmam ter laços de história e de vida com Guarapiranga.
“Trata-se de um movimento fundamental, de preservação da natureza e da qualidade de vida, associadas à água, um bem da humanidade. Neste sentido, o Mogave rema contra a corrente e com o imediatismo das ações da Prefeitura. Por isso, é merecedor de todo nosso apoio e engajamento”, concluiu Ivan Valente.


Alguns comentários:

“A Subprefeitura da Capela do Socorro, de uma forma insensível e desrespeitosa, fez uma pista de concreto, material inadequado para a região, em cima da mata ciliar e da água da Represa Guarapiranga, no local chamado parque 9 de Julho. Já havia feito um gradil também inadequado. A pista de concreto, que ficará inundada uma boa parte do ano, separou as águas, contribuindo para a formação de água parada (e estímulo à proliferação do mosquito da dengue) e para a mortandade de peixes. Servirá também para passeios de moto. Sinto-me, como cidadão e contribuinte, insultado com esse tipo de atitude. A Represa Guarapiranga, que fornece água para mais de 3 milhões de paulistanos todos os dias, também foi insultada, além de agredida”.

Gentil Gimenez

“O MOGAVE – Movimento Garça Vermelha agradece ao Deputado Federal Ivan Valente pelo seu comparecimento à represa do Guarapiranga, Parque Nove de Julho, a fim de constatar IN LOCO os desmandos da subprefeitura da Capela do Socorro que pretende instalar um parque dentro da água, dentro da represa literalmente. O Deputado também dispôs de seu tempo a fim de ouvir os moradores do entorno integrados em nosso movimento.Temos certeza que, contando com apoios tão importantes quanto este que estamos recebendo nossa luta crescerá e nossa vitória se tornará evidente.
Mais uma vez, nosso muito obrigado”.


FONTES:

IVAN VALENTE. Deputado Federal. Apresenta relatos da sua atuação parlamentar. Disponível em: . Acesso em: 03 mai 2010.

Nota:

Você pode acessar o site do deputado Ivan Valente na coluna da direita desse blog no título “Sites de interesse do Movimento Garça Vermelha” e clicar no subtítulo: “Deputado Ivan Valente”. Para acessar diretamente o artigo acima ir para o mesmo título e clicar no subtítulo: “Artigo de Ivan Valente sobre a Guarapiranga”.

Fotos de Marcelo Aguirre ou fornecidas pelo MOGAVE.