Árvores Centenárias Seráo Preservadas


Essa conseguimos salvar. Um monumento a historia e cultura da Cidade Dutra.

Eduardo Melander Filho

As árvores “centenárias” (1) da Avenida Alcindo Ferreira que sobreviveram ao corte generalizado realizado no início do mês de agosto de 2012 NÃO SERÃO MAIS CORTADAS por ordem do Subprefeito da Capela do Socorro Sr. Marco Antonio Augusto e confirmada em negociação realizada em 07/08/2012.

Participaram da negociação, além, do Subprefeito, que também é Presidente do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz - CADES Capela, pela Subprefeitura: Dr. Carlos Abe, Arquiteto Geral. Pelo CADES Regional: Edgard Dias e Lebos Ribeiro. Pelo Grupo Sem Corte: Sra. Fernanda Collaço. Pela Associação Movimento Garça Vermelha - MOGAVE: Dra. Enorá Arone, Dino Mottinelli e Melander, os dois últimos também pertences ao CADES Capela.

A negociação foi pedida através de ofício enviado à Subprefeitura (veja abaixo o texto do ofício) na manhã do dia 06/08/2012 pelo MOGAVE, contendo várias reivindicações. O pedido foi originado em função da articulação que moradores e freqüentadores da região em torno do "Grupo Sem Corte", que organizou um abaixo assinado (veja abaixo o texto do abaixo assinado) e colocou cartazes nas árvores manifestando repúdio ao corte indiscriminado de árvores centenárias. O Grupo Sem Corte conseguiu recolher em apenas dois dias do final de semana 204 assinaturas.

A reunião do dia 07/08/2012 começou com Melander expondo que a razão do protesto ao corte das árvores devia-se a questões histórico-culturais, além das ambientais. Explicou que toda a cultura da região da Cidade Dutra foi agredida e que ele, desde que "se conhece por gente" lembra-se daquelas árvores, o que significa que lá estão a mais de 55 anos.

Lembrou que, ao que tudo indica, o percurso da ciclovia, que deu origem aos cortes, passará por uma área de várzea com taboais e centenas espécimes da Mata Atlântica em regeneração e que isso seria um crime ambiental abominável. Disse também que se houvesse transparência no trato destas questões com consulta à população muitas delas poderiam ter sido evitadas.

Após exposição do Sr. Carlos Abe sobre o projeto da Avenida Alcindo Ferreira, que é: parte um trecho de ciclovia e calçada e parte uma calçada que seguirá até a entrada do Parque Castelo passando em frente de uma comunidade, foram acordados os seguintes pontos, lavrados em Ata elaborada da reunião:

1- AS ÁRVORES RESTANTES NÃO SERÃO MAIS CORTADAS - Dr. Carlos Abe fará um projeto alternativo para desviar a calçada ou mesmo com "pontes" passando um pouco acima das raízes. De qualquer forma, a solução arquitetônica ficará a seu critério;

2- FICARÁ A CRITÉRIO DO MOGAVE A INDICAÇÃO DO LOCAL DE PLANTIO DA COMPENSAÇÃO DO CORTE DAS ÁRVORES. O Garça Vermelha indicará o local no prazo de um ano e, conseqüentemente, garantirá que a compensação seja realizada de fato;

3- A Subprefeitura da Capela do Socorro apresentará, finalmente, O PROJETO COMPLETO E ESCRITO DA CICLOVIA que liga a Avenida Atlântica ao São José, passando pelo Parque Nove de Julho. A apresentação será feita pessoalmente pelo Dr. Carlos Abe em reunião, no dia 21/08/2012, com participação do MOGAVE e convite extensivo ao Grupo Sem Corte e interessados que manifestarem desejo de participação à nossa Associação;

4- O CADES REGIONAL CAPELA DO SOCORRO deverá elaborar um projeto de acompanhamento de obras de impacto ambiental. Cabe ao CADES, se não decidir, exercer o seu papel de Conselho que é o de ACONSELHAR, manifestando em votação aberta dos CONSELHEIROS seu ponto de vista. É o fórum privilegiado para que a população se manifeste e RECORRA EM CASO DE EMERGÊNCIAS. É uma proposta que, sem dúvidas, se levada adiante, será uma novidade ímpar e referência para as demais similares.

Consideramos que a negociação foi uma vitória, não apenas para o Grupo Sem Corte e MOGAVE, mas também para o CADES e Subprefeitura, que abriu canais de negociação, reconhecendo a justeza das reivindicações.

Infelizmente poucas árvores serão preservadas. De um total de quinze apenas três restaram. Ficarão lá como monumento de um passado em que brincávamos em torno delas e de um futuro promissor que garante que sem luta nada se conquista. Que não existem coisas irreversíveis e que as possibilidades de realização são definidas pela vontade de fazer ou não fazer.

O TEXTO DO OFÍCIO À SUBPREFEITURA CAPELA DO SOCORRO


“Exmo. Senhor
Marco Antonio Augusto
Subprefeito da Subprefeitura da Capela do Socorro
Presidente do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da Subprefeitura da Capela do Socorro CADES
Prefeitura Municipal da Cidade de São Paulo-SP

Ref.: Cortes de árvores centenárias resultantes da obra de construção de trecho de ciclovia e calçadão em direção ao Parque Castelo na Avenida Alcindo Ferreira.

Senhor Subprefeito,

A Associação Movimento Garça Vermelha (MOGAVE), CNPJ 12.493.710.0001-80, com sede provisória na Rua XXXXXXXXXXXX, Jd. Sertãozinho, São Paulo-SP, CEP-04826.230, vem à presença de V. Ex.ª para expor e requerer o que segue:

Recebemos denúncia de corte indiscriminado de árvores centenárias na Avenida Alcindo Ferreira para construção de trecho de ciclovia e calçadão ligando a Avenida Atlântica ao Parque Castelo.

Verificando “in loco” constatamos a veracidade dos fatos, sendo que várias árvores foram cortadas e outras, segundo informações do engenheiro da empreiteira contratada, a serão nos próximos dias.

Trata-se de árvores centenárias que fazem parte da cultura não apenas do lugar, mas de toda a região da Cidade Dutra. Pessoalmente, como residente da região a mais de sessenta anos, em nossa lembrança elas sempre tiveram lá. No imaginário da população a ausência delas naquela paisagem significa que parte da vida delas foi destruída. Muitas pessoas se sentem assim, que revoltadas pelo ato dessa forma se manifestaram.

Além disso, as obras começaram sem aviso prévio e sem consulta preliminar à população local e freqüentadores, que, pegos de surpresa, questionam a transparência no trato da questão.

Por essa razão, neste final de semana, a população circundante e freqüentadores do Clube de Campo Castelo coletaram centenas de subscrições para um abaixo assinado protestando contra essa agressão ambiental e cultural, pedindo abertura de conversação com essa Subprefeitura.

Diante do exposto, considerando que parte considerável das árvores ainda não foi destruídas, sendo que provavelmente V. Ex.ª desconheça os detalhes precisos da operação, requer a V. Ex.ª que sejam adotadas as seguintes providências necessárias:

1- Que V. Ex.ª ordene a imediata suspensão do corte das árvores a fim de que se estabeleça conversação entre essa Subprefeitura, MOGAVE e representantes do “Grupo Sem Corte”, organizadores do abaixo assinado e parcela organizada da população e freqüentadores da região, com o objetivo de se encontrar soluções alternativas para a complementação das obras;
2- Que V. Ex.ª convoque, enquanto Presidente do CADES Regional Capela do Socorro, uma reunião extraordinária do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da Subprefeitura da Capela do Socorro, CADES, para essa mesma segunda feira, dia 06.08.2012, ou o mais tardar no dia posterior, com a finalidade de discutir a questão e se estabelecer critérios de se evitar situações desse tipo, tarefa que essencialmente cabe a esse organismo em termos de contribuição institucional, como interlocutor da vontade e das reivindicações da população;
3- Que V. Ex.ª agende para os próximos dias, em caráter de urgência, a apresentação dos documentos escritos do projeto de ciclovia que liga o trecho da Av. Alcindo Ferreira ao bairro São José, passando pelo Parque Nove de Julho. Solicitamos que nessa reunião esteja presente o arquiteto Sr. Carlos Abe, co-responsável do projeto pela Subprefeitura, para que explique critérios, trajeto, conseqüências ambientais, etc. Tal assunto já foi objeto de duas reuniões que o MOGAVE realizou com V. Ex.ª. O objetivo é o de contribuir na visão holística da problemática, evitando assim possíveis futuros focos de conflitos.

Nesses termos,

Pede deferimento.

_______________________________________
Eduardo Melander Filho
Diretor Presidente da Associação Movimento Garça Vermelha – MOGAVE
Secretário pela Sociedade Civil do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da Subprefeitura da Capela do Socorro - CADES

São Paulo, 05 de agosto de 2012”.

O TEXTO DO ABAIXO ASSINADO

São Paulo, 03 de agosto de 2012.

“Nós do “Grupo Sem Corte”, com o apoio de outros movimentos, vimos, através deste abaixo assinado, manifestar nossa indignação quanto ao CORTE DESORDENADO DE 13 ÁRVORES CENTENÁRIAS para a construção de uma CICLOVIA na Rua Alcindo Ferreira, cuja obra está sob a responsabilidade da subprefeitura da Capela do Socorro da prefeitura da cidade de São Paulo.

Estamos todos sensibilizados e indignados com a referida ação que é nada transparente, pois não houve nenhuma comunicação prévia ou discussão com a população em geral sobre a destruição das árvores e o dano ambiental conseqüente. Nem sequer existem placas no local das obras que possam identificar o nome do engenheiro responsável e da empreiteira contratada.

Não são apenas o corte das árvores e a agressão à natureza: trata-se da cultura de todo um local que está sendo agredida, pois as árvores são mais antigas que a maioria das pessoas e freqüentadores do entorno. Muitos conviveram com as árvores integradas na paisagem desde que nasceram e sua destruição representa a destruição de parte de sua vida.

Por isso pedimos a imediata suspensão das obras da Rua Alcindo Ferreira e que se estabeleça uma urgente conversação com a subprefeitura da Capela do Socorro para discutirmos uma solução alternativa”.

NOTA DE RODAPÉ

(1) – Leia-se “centenárias” como sinônimo de muito antigas. Não existem registros que comprovem a idade real das árvores. Segundo testemunhos vivos, seguramente elas têm mais de setenta anos.

4 comentários:

Dino Mottinelli Filho disse...

Importante observar que a postura de nossas autoridades não muda:
*intervenções e obras continuam sendo executadas sem que a população seja consultada/informada com a antecedência necessária (nem o CADES é respeitado);
*questões paisagistas continuam prevalecendo, as ambientais são esquecidas (com a complacência e omissão da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente);
*as apresentações de projetos são invariavelmente postergadas, nos fazendo crer no improviso inconsequente das ações;

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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