Represa do Guarapiranga: maravilha artificial




Garças na Represa do Guarapiranga em cheia

Prof. Eduardo Melander Filho

Inaugurada em 1908, a represa do Guarapiranga, que quer dizer “garças vermelhas” em Tupinambá segundo interpretação de alguns lingüistas, teve sua construção iniciada em 1906 pela “The São Paulo Railway, Light and Power Company Limited”, com a finalidade inicial de regular a vazão do rio Tietê, garantindo assim o fluxo necessário de água para alimentar a Usina Hidroelétrica de Parnaíba, localizada no município de mesmo nome. Apenas em 1928 é que sua finalidade foi ampliada para a de abastecer a cidade de água potável. A partir das décadas de 1930 e 1940, serviu também para alimentar a Represa Billings através do canal do Rio Pinheiros, represa essa cujo objetivo era o de movimentar as turbinas da Usina Hidroelétrica Henry Bordem, situada do município de Cubatão.
A Guarapiranga, que abarca os municípios de São Paulo, Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra, é resultado do represamento do rio Guarapiranga, sendo alimentada por vários cursos d’água: rios Embu-Guaçu e Embu-Mirim; ribeirões Itaim, Lavras, Represa e Fazenda da Ilha; córregos Luzia, Itararé, Campo Fundo, Piqueri, Itupú, Guavirutuba, São José, Rio Bonito, Rio das Pedras, Tanquinho e Casa Grande.
Durante a grande cheia de 1976, a represa transbordou pela sua barragem situada na Capela do Socorro, colocando em risco sua própria existência e a vida de milhares de pessoas que seriam vitimadas pela gigantesca onda de água resultante do rompimento. Sacos de areia foram colocados para evitar maior escape d'água, fazendo com que a crise fosse momentaneamente superada. Posteriormente a altura da barragem foi aumentada, evitando assim possíveis problemas futuros semelhantes.
A partir da década de 1980 houve um aumento populacional em sua orla, resultado de invasão por loteamentos clandestinos e de uma política de ocupação mal definida por parte das prefeituras da região. Consequentemente houve uma elevação substancial do nível de poluição das águas, causado pelo escoamento de esgoto e lixo produzidos por essa concentração humana. Atualmente a situação começa a se reverter. Há mesmo um projeto de revitalização desde 2008, cujo objetivo é o de construir uma via panorâmica que circundará a represa, com calçada e ciclovia.
Hoje podemos considerar a Guarapiranga como um paraíso faunístico. Durante o ano todo vemos garças brancas, paturis, vários tipos de marrecos e quero-queros em suas margens. Bem-te-vis, sabiás laranjeira, pica-paus amarelos e vermelhos, tico-ticos, bandos de papagaios e maritacas, assim como gambás (saruês), esquilos (serelepes), corujas, gaviões e carcarás, são comuns nas áreas adjacentes, “invadindo” as residências mais próximas. Mas são os peixes, para os aficionados em pescarias, que se resumem em grande diversidade. Completam a lista de parte dos habitantes dessa maravilha artificial que já faz parte da natureza, as espécies: lambaris do rabo amarelo e vermelho; lambari-guassú; tambiú; sagüirú; acarás do tipo comum e Mussoline (testudo); tilápias preta e do Nilo; guarú; canivete; charutinho; muçum; enguia; cascudo; traíra; piranha (pirambeba); bagres comum e africano; piava; tabarana; mandi-chorão; tuvira e carpas diversas, além do mexilhão, camarão de água doce e caranguejo.

FONTES:

MELANDER FILHO, Eduardo. Represa do Guarapiranga: maravilha artificial. Gazeta de Interlagos, São Paulo,25 set 2009 a 08 out 2009. História, p.2.

MELANDER FILHO, Eduardo. Represa do Guarapiranga: maravilha artificial. Gazeta de Interlagos, São Paulo, 25 set 2009 a 08 out 2009. Edição nº 140, p. 2. Disponível em: <
http://www.gazetadeinterlagos.com.br/>. Acesso em: 04 out 2009.

MELANDER FILHO, Eduardo. Represa do Guarapiranga: maravilha artificial. Eduardo Melander Filho Blogger, São Paulo, 04 out 2009. Disponível em: <
http://edmelander.blogspot.com/2009/10/represa-do-guarapiranga-maravilha.html>. Acesso em: 06 jan 2010.

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